quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Campo sagrado guarda história



CEMITÉRIO DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO /OEIRAS - PI

A cidade de Oeiras, antiga Capital do Piauí, guarda um monumento de grande importância para a história do Brasil: o Cemitério do Santíssimo Sacramento. Eregido no século XIX, revela o imaginário religioso e social da época, como princípio básico da sociedade colonial.

Lá estão sepultados figuras notáveis do cenário social e intelectual da velha cidade. Realça o túmulo gigantesco do Major Selemérico, o emblemático do Cel. Jesuíno Moura e a lápide do poeta panteísta Nogueira Tapety que contrasta dos demais túmulos, uma vez concebida em cantaria - cruz com floreios e outros desenhos simbólicos e em sua lousa constando o epitáfio: Amou o bem, o belo e a verdade.

Na revista do Instituto Histórico de Oeiras, nº 4, a professora Maria do Espírito Santo Rêgo relata que o cemitério era privativo da Irmandade do Santíssimo Sacramento e seus familiares. "A capela foi edificada em 1869 pelo presidente da Mesa Regedora da Confraria, Dr. José Luís da Silva Moura, Juiz de Direito de Oeiras; sendo pároco o Cônego João de Sousa Martins", registrou a professora.

O cemitério do Santíssimo Sacramento contém dados preciosos em cada epitáfio como descrição dos valores daquela época, além de servir como campo de pesquisa para professores e acadêmicos que desejam conhecer a história de Oeiras observando as relações de poder dentro desse campo sagrado.

A especialista no assunto, a historiadora Dorothéa Moura afirma que para se desenvolver uma pesquisa no campo da História Social, tomando como objeto de estudo a arte tumular, é preciso ir além das aparências, procurando aprender o significado oculto no que parece apenas sagrado. "A falta de uma preservação adequada e a demora do tombamento faz com que o patrimônio cultural se perca e nesse caso, não só perdem as famílias, perde a história de Oeiras", declara Dorothéa.

Algumas pessoas ainda são sepultadas no cemitério velho, somente na parte ampliada que foi concluída em 1938, pelo prefeito da época, o Cel. Orlando Carvalho como anseio da população que havia crescido. A capela foi restaurada em 1971, pelo então prefeito Juarez Tapety. Ao longo dos anos foram feitas intervenções e reparos no velho cemitério, no entanto percebe-se a necessidade de uma restauração do sítio histórico do Santíssimo Sacramento.

É preciso que a sociedade oeirense, o poder público e cada família que possui entes queridos sepultados naquele local possam preservá-lo, como campo sagrado e monumento que guarda a memória e a identidade histórica de Oeiras.

Pedro Dias de Freitas Júnior é professor de História, Jornalista, Conselheiro da FNT e membro do IHO.