quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Mensagem para alguém que amamos



O sentido do viver está nas coisas simples da vida, no amor que plantamos e cultivamos, nos laços de afetividade que une cada ser humano ao longo da caminhada.
Como é bom encontrarmos no caminho da vida pessoas, amigos, amores, que fazem dos nossos dias, dias mais harmoniosos, cheios de graça e de sentido.
Encontrar gente, pessoas que são capazes de amar com tanta naturalidade e delicadeza, que por um instante em meio ao cotidiano agitado que vivemos, somos tomados por tão súbito sentimento, que acalma, traz paz... Um verdadeiro bálsamo para nossas inquietações.
Como é bom sentir-se assim e encontrar no caminho da vida seres humanos iluminados, cuja a grande essência é o amor, como nos recorda a mensagem paulina tão bem musicada no canto EIS O AMOR CARIDADE:
"Não esqueça o amor
dom maior muito além dos limites humanos(...)
Nada resta ao final do caminho da vida a não ser o amor".
Como é bom Tia Laís tê-la ao nosso lado, no caminho da vida, sentir que somos amados como filhos. É algo que perpassa o campo da gratidão, do parentesco, é simplesmente e expressão do Divino em nossas vidas.
A poetisa Cora Coralina em um de seus poemas versa:
"Não sei... se a vida é curta ou longa demais para nós,
mas sei que nada do que vivemos tem sentido
se não tocamos o coração das pessoas".
E assim Tia Laís, nos sentimos tocados todos os dias, pela forma materna com que cuida, ama e se interessa por nós, seu sobrinhos.
Que a expressão do teu sorriso e bom humor, continuem por muitos anos enchendo a nossa casa de luz, paz e alegria.

Homenagem a Maria Laís Dias de Freitas no seu aniversário natalício de 60 anos/Igreja da Imaculada Conceição - 06 de fevereiro de 2009
*Pedro Dias de Freitas Júnior é professor de História e Jornalista.

Igreja Nossa Senhora da Conceição dos Homens Pardos - 200 anos enfeitando a paisagem de Oeiras

Igreja Nossa Senhora da Conceição - século XIX /Foto: arquivo Mosaicodavila




A comunidade Católica oeirense está em festa. São duzentos anos da Igreja da Imaculada Conceição, uma das mais populares devoções marianas, festejada no dia 8 de dezembro. Data consagrada a Virgem Imaculada no calendário litúrgico, através da Bula Ineffabilis Deus, proclamada pelo Papa Pio IX em 1854, que definiu o Dogma de Maria Imaculada. Ela que foi concebida sem a mancha do pecado original, para gerar o Salvador Jesus Cristo.
Dogma significa uma verdade da fé, é o ponto fundamental de uma doutrina religiosa. No Cristianismo, chamam-se dogmas as verdades reveladas, propostas pela autoridade da Igreja, como artigos de fé. O dogma da Imaculada Conceição, mesmo proclamado na segunda metade do século XIX, já era vivenciado pelas primeiras comunidades cristãs, que já prestavam culto a Maria, como Imaculada Conceição, à luz das Sagradas escrituras.
São Tiago Menor, o qual realizou o esquema da liturgia da Santa Missa, prescreve a seguinte leitura, após ler alguns trechos do antigo e do novo testamento: "Fazemos memória de nossa Santíssima, Imaculada, e gloriosíssima Senhora Maria, Mãe de Deus e sempre Virgem".
O evangelista São Marcos, na Liturgia que deixou às igrejas do Egito, serve-se de expressões semelhantes: "Lembremo-nos, sobretudo, da Santíssima, intemerata e bendita Senhora Nossa, a Mãe de Deus e sempre Virgem Maria".
A festa da Imaculada Conceição é comemorada em todo o mundo, e em Oeiras as novenas começam no dia 29 de novembro, com peregrinação da imagem Mariana pela casa das famílias devotas. O festejo vai até o dia 8 de dezembro, quando acontece grande procissão com as imagens de Nossa Senhora e São José pelas ruas do Centro Histórico de Oeiras.
A Igreja de Nossa Senhora da Conceição está localizada na Praça Mafrense, próxima ao Mercado Público e é motivo de admiração pela sua singeleza.
Segundo a professora Maria de Fátima Nunes Carvalho, no artigo “Festas Religiosas de Oeiras”, publicado na revista do Instituto Histórico nº04/1982, a Igreja possuiu sua irmandade, restando uma velha sacola com um medalhão de Nossa Senhora, em prata, e que servia para tirar esmolas no tempo da festa.
Para a professora e escritora Maria do Espírito Santo Rêgo, no livro “Oeiras: Fé e Tradição”, a Igreja da Conceição tinha na sua parte frontal, a data referente à sua fundação, porém não foi possível localizá-la, bem como, quaisquer documentos sobre a Irmandade de Nossa Senhora da Conceição dos Homens Pardos.
O historiador Dr. Dagoberto de Carvalho Jr., no livro “Passeio à Oeiras”, relata que a construção da Igreja da Imaculada Conceição, é datada do início do século XIX (1809), sendo que em 1839 ainda estava por concluir. As obras de acabamento datam de 1942, e em 1956 sobre o jardim e a pequena área não construída do lado do evangelho, levantaram-se duas novas capelas laterais, ligando-as à sacristia. De 1930, o altar-mor e de 1953, o patamar. O campanário, hoje na torre direita, foi em tempos recuados, até 1938, sobre estacas, à moda das capelas antigas. A imagem que sai em procissão é zelosamente guardada por Dona Maria Oliveira, mantendo a tradição muito oeirense, de conservar nas casas de pessoas devotas, imagens substituídas em culto.
A devoção a Imaculada Conceição está presente durante todo o ano na cidade de Oeiras. Todos os sábados após a Missa das 19 horas, os devotos da Virgem Imaculada se reúnem no mesmo templo para louvar e agradecer as bênçãos recebidas, através do Ofício de Nossa Senhora. Um momento partilhado por dezenas de fiéis, que rezam cantando “os grandes louvores da Virgem Mãe de Deus”.
São duzentos anos deste monumento histórico. Templo de fervorosa manifestação de fé, que guarda as lembranças do passado e continua enfeitando a paisagem urbana de Oeiras.
* Pedro Dias de Freitas Júnior é professor de História, Jornalista, membro do Instituto Histórico de Oeiras e conselheiro da Fundação Nogueira Tapety.
Texto publicado na 3ª edição do informativo "O DIOCESANO" - Oeiras, 08 de dezembro de 2009

Apresentação do livro: Valter Alencar e a História da televisão no Piauí


“A luta não envelhece as esperanças”


Na condição de jornalista de formação, causou-me imensa honra o convite para proferir apresentação do livro “Valter Alencar e a História da Televisão no Piauí”. Obra do escritor e Juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Piauí e diretor da TV Rádio Clube de Teresina, Dr. Valter Alencar Rebelo.
Digo isto, porque a história retratada no livro vai confluir com um dos momentos históricos mais importantes para a História da Comunicação piauiense, e por termos ainda pouca bibliografia sobre o tema, apesar de tantas escolas de Comunicação Social em nível superior, existentes em nosso Estado.
Ao receber o livro, através do presidente da Fundação Nogueira Tapety, Dr. Carlos Rubem, o conhecido Bil, recorri primeiramente à ficha catalográfica para antes da primeira leitura, perceber a que tipologia textual pertencia; se uma biografia ou um livro reportagem.
Ao constatar que era uma biografia, passei a lê-la com olhos mais humanos, pois toda biografia é recheada por algo que ultrapassa o campo contextual, traz algo mais profundo, algo que não se limita e não se objetiva, traz uma vida cruzando várias outras vidas.
O especial neste caso é que esta biografia reflete não apenas a vida do homem que a intitula, mas a transformação da maneira de se viver no Piauí, pois a televisão mudou a forma de se ver o mundo, a maneira de se interagir e principalmente, a maneira de nos vermos enquanto piauienses.
O livro não inicia na temática proposta, mas pinta todo um painel das realizações de Valter Alencar antes de concretizar seu maior feito. Já na introdução o leitor pode mergulhar em uma contextualização histórica do processo político e social do nosso Estado, enfocando a cidade natal de Valter Alencar e o universo familiar em União.
Percebe-se na narrativa, a competência jurídica de Valter Alencar e sua simplicidade, mesmo tendo segundo Jorge Chaib, as leis na ponta da memória. O que o levou a passar em concurso público para Promotor de Justiça e a ocupar aos trinta e um anos de idade a chefia de Polícia do Piauí, o que hoje corresponde ao cargo de Secretário de Segurança Pública do Estado.
Mesmo no âmbito jurídico, o educador latente sempre veio à tona. O magistério foi uma de suas paixões. Algo me faz acreditar que a comunicação já estava aí o atormentando, já que a Comunicação Social é na sua essência uma área educacional. Além do educador, a obra nos revela o político atuante, ocupando cargos no primeiro escalão do governo de Chagas Rodrigues.
Entretanto no terceiro capítulo, o leitor vai desaguar na nascente de um sonho a priore ousado, porém realizado mais tarde. Em 1956 começa a escrever sobre Direito no jornal “O Dia”, num espaço chamado “Questões Jurídicas”. Respondendo de forma muito inteligente as cartas que lhe chegavam à redação e mais tarde dotado de oficina tipográfica própria, põe na rua a primeira edição do Jornal de Notícias, na manhã de 21 de abril de 1950. Ali começava uma história de amor à causa comunicacional, alimentada pelo desejo de transformação de nossa realidade, através do poder midiático e ético da imprensa.
Um passo tinha sido dado em direção a um marco da história política e cultural deste Estado. Ali começava um árduo caminho, revelando comunicadores na imprensa escrita, participando e formando opinião através dessa gazeta, em relação aos principais fatos sócio-políticos, não só do Estado, mas também do país, diga-se de passagem, em verdadeira ebulição política.
A comunicação impressa foi a porta de entrada para um universo mais instantâneo: o Rádio. Aliás, é importante lembrar que de todas as experiências em veículos de comunicação, a criação da Rádio Clube de Teresina teve para este grande visionário um sabor especial, um desafio. Visto que a educação sempre foi seu projeto social maior e agora através da Rádio, poderia alcançar muito mais pessoas com um conteúdo mais popular e de utilidade pública, características inerentes à imprensa falada.
No processo de fomentação da educação através da Comunicação Social, podemos dizer ao ler o livro, que a Rádio Clube de Teresina foi o embrião do grande desafio desse sonhador: “a TV Clube”. Desse imaginário auditivo do rádio o livro vai desaguar no universo lúdico da televisão, revelação concreta do espírito pioneiro de Valter Alencar.
Na abertura do quinto capítulo uma foto em especial chamou-me atenção: o lançamento da pedra fundamental da TV Rádio Clube de Teresina, tendo em primeiro plano o Cônego Cardoso dando a bênção sagrada.
Assim, o autor vai tendo o cuidado de situar o leitor numa contextualização da História da Televisão pelo mundo, chegando à instalação da TV no Brasil e sua democratização, até se deter a uma breve historização da TV Globo, mostrando o desbravamento comunicacional deste veículo pelo Brasil, através de suas afiliadas, desde os anos 50, até chegar aos anos 70, década em que foi instalada a TV clube no Piauí.
O acervo iconográfico do livro traz fotos impactantes, desde a preparação do terreno, até chegar a mostrar fotos da primeira sede da TV Clube de Teresina, o que ajuda o leitor a percorrer de forma visual a grande corrida do ideal de Valter Alencar.
O sexto capítulo é escrito através de uma simbologia de três termos, onde o autor lança ao leitor como esse processo se concretizou. “Nas mãos”: a TV já era real no Brasil; “No coração”: o sonho idealizado por Valter Alencar; e “no ar”: a TV clube era agora a imagem do povo do Piauí, mostrada para os próprios piauienses, expressão visual de que era possível se fazer uma televisão neste Estado.
A força de um ideal levou um homem a sonhar e ver seu sonho realizado, levou Valter Alencar a iniciar o processo comunicacional televisivo em um dos Estados mais pobres da nação, levou o nosso Estado a produzir demanda jornalística a partir de nossa realidade. A TV Clube era agora um canal de transformação social, e lá estava ela, a educação sendo a base desse projeto, como tudo o que plantou Valter Alencar. Pensar nesse fato isolado é não saber olhar de forma holística, como a comunicação esta intimamente ligada a todo o processo da evolução humana.
Após a TV Clube, Teresina iria experimentar o poder transformador da mídia televisiva, que penetra e altera as relações políticas, sociais, culturais, comerciais e sobretudo comportamentais.
O mais interessante da obra, ora apresentada, é que o sonho, o ideal de Valter Alencar, que é fio condutor dessa narrativa de um tempo e de um povo, não se encerra na concretização deste. O livro mostra que os feitos de caráter educacionais e culturais não se estacionam. Ao final vê-se uma TV Clube digital.
É como se o sonho de Valter Alencar tivesse sido lançado há uma atemporalidade, visto que até hoje, pode o Piauí gozar dos avanços tecnológicos na área televisiva. Nenhum grande ideal se desfacela, pelo contrário, transmuta-se, reinventa-se, redescobre-se.
“Valter Alencar e a História da Televisão no Piauí” é uma biografia dos piauienses, um livro motivador para todos os homens e mulheres deste Estado. Um grande grito que nos acorda para lembrarmos que aqui no Piauí, se plantando com força e ideal tudo dá.
Além disso, é um grande presente a todos os profissionais que durante mais de três décadas trabalham arduamente para fazer televisão com identidade piauiense e assim, contribuem para a informação responsável de nossa sociedade, mesmo com grandes dificuldades, com grandes desafios.
Este livro que ora apresento-lhes senhores, é parte da história deste Estado, é um retalho da nossa longa história comunicacional, que um homem corajoso começou a tecer e que é dever nosso continuar, pois lutar por um ideal é o que temos de mais nobre, como seres humanos. Sem nossos sonhos a vida aqui é sem graça, a vida aqui fica sem norte, sem cor e nem imagem.
Muito Obrigado!

*Pedro Dias de Freitas Júnior é professor de História, Jornalista, membro do Instituto Histórico de Oeiras e Conselheiro da Fundação Nogueira Tapety.
Oeiras, 27 de novembro de 2009 – Espaço Cultural Café Oeiras.