Muitos mitos povoam o imaginário coletivo oeirense. A sociedade foi criada e estabelecida com base nas lendas e nos "causos" contados por viajantes e por muita gente espirituosa, que sempre ao relatar um fato, aumentava um ponto.
Dentre essas histórias mitificadas, está a lenda ou verdade do Homem do Carcará, que segundo a cultura popular um rapaz vindo das bandas do Ceará em meados de outubro de 1939, havia "bulido" com uma moça que era sua namorada. Segundo o cronista Carlos Rubem a vítima era um bom rapaz, tinha bons propósitos, pretendia casar-se. Entretanto, o pai da moça, rico e ignorante fazendeiro, ordenou a sentença fatal.
Conta ainda que ele fugiu e os capangas do fazendeiro foram em seu encalço. No local chamado Ladeira do Carcará, a 5 Km da cidade de Oeiras, o "homem sem nome" foi vítima de diversas formas de martírio. Teve os olhos vazados, as orelhas cortadas e os órgãos genitais mutilados.
Após ser encontrado pelos moradores da região foi entarrado ali mesmo. Diante do fato, muita gente simples, do povo, passou a visistar o local que guarda os restos mortais desse santo popular.
Orações, velas, flores e muitas garrafas com água enfeitam o túmulo onde os peregrinos de todas as idades fazem suas orações e pedidos por acreditarem na sua intervenção milagrosa.
A professora Mercezinha é uma das devotas e sempre no dia de Finados - 02 de novembro, organiza uma romaria ao túmulo. Afirma que em conversas com populares no interior de Oeiras, descobriu que o nome do Homem do Carcará era Manoel Messias, porém não tem nenhuma constatação factual, ficando atrelado o nome do amante à imaginação do povo. "Há mais de dez anos faço a caminhada e prometi que enquanto tiver força nas pernas irei fazer essa penitência", concluiu a professora.
Os romeiros fazem um percurso cansativo, com pedras na cabeça, garrafas com água e sempre entoando benditos. Pedidos de todos os tipos: passar no vestibular, ficar curado de doenças crônicas, são evidenciados como provas de simulados e súplicas escritas que estão sobre o túmulo.
Curiosos e pesquisadores visitam o local constantemente, despertando o estudo antropológico e folkcomunicacional de estudantes e professores que desejam conhecer essa manifestação popular.
O sentido da visitação ao túmulo do Homem do Carcará, quer seja pela fé, quer seja pela curiosidade incrédula e científica, deve ser fator de reconhecimento das raízes sertanejas e da influência do mito na sociedade moderna.
Pedro Dias de Freitas Júnior é professor de História, Jornalista, conselheiro da FNT e membro do IHO.
Um comentário:
Gostei muitodahistória, sou professoroeirense e vou desenvolvercom meus alunos uma pequena dramatização.Eentre as lendas oeirenses, essa foi aque mais agradou os mesmos.David Edson,professor monitor de matematica da escola Francisquinha Martins.
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