Bandeira do Divino - Oeiras, Piauí. Foto: Adleusa Pacheco
Indiscutivelmente o oeirense vivencia com perfeição a sua fé. O composto de símbolos e ritos demonstram o grande espetáculo da religiosidade da Velha Capital do Piauí.
A singular forma de abstrair o Transcendente é manifestada em cada gesto e rua, onde até as pedras simbolizam ícones da fé. Um cenário onde o Altíssimo com olhos de Rei, exorta os fiéis servos para a oração, o louvor e a adoração.
São sinais visíveis de uma crença nordestina e ao mesmo tempo, com uma ostentação digna da Monarquia Lusitana. É presente o desejo de traduzir a linguagem do Espírito, materializando a fé e hierarquizando a crença.
É possível sentir a sensação, quando do adro da "Amada Catedral", observa-se os olhos fixos, a cor vermelha das roupas e objetos sagrados, tomando todo o espaço da Praça das Vitórias, no Centro Histórico de Oeiras. O frenético gesto do povo, os aplausos e as lágrimas são oferecidos ao Divino Espírito Santo, que em forma de Pomba, passa pelo meio da multidão. E a impetuosidade do símbolo, com adornos de ouro e com requintes de uma corte, abrasa a" frágil fé "dos devotos
Todos sentem-se parte dessa corte. Ora como nobres emblemáticos, ora como servos camponeses, mas o sentimento é o mesmo. O desejo de ser inflamado pela luz do Divino é tão grande que a devoção é sentida no tocar a bandeira, como sinal de melhores dias, como vontade antropológica, como estandarte da justiça.
A lírica do canto interpretado pelas vozes devotas ressoa: "São só sinais, o Espírito Santo é mais". Realmente é maior do que arrogância e de todas as formas esdrúxulas de maquiar a realidade.
Os sinais estão presentes não só nos objetos de culto, não somente nas cores ou no ato de levantar a bandeira do Divino, mas sobretudo no sopro constante do Espírito Santo, que muitos ainda não são capazes de sentir.
A morada do "Rico Pai dos Pobres" está aberta. Ajoelhar-se diante do Paráclito é um sinal de humildade e reverência. Constantemente é praticado por dezenas de fiéis, ato particular e parecido. Contudo, o que precisamos compreender é se ainda o mesmo que ajoelha, é o mesmo que atropela indiferente, o Divino presente em cada pessoa.
Agindo assim, nem as espórtulas e nem as penitências, serão capazes de abrasar o coração, pois o Espírito Santo é mais.
Pedro Dias de Freitas Júnior é professor de História, Jornalista, membro do IHO, conselheiro da FNT e integrante da PASCOM Diocese de Oeiras.
OBS: Estamos nos aproximando da Festa do Divino em Oeiras, portanto resolvi postar o texto: "São só sinais". Leia e comente.
Um comentário:
"A singular forma de abstrair o Transcendente é manifestada em cada gesto e rua, onde até as pedras simbolizam ícones da fé."
muito bonito..
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