domingo, 14 de julho de 2013

UM SÉCULO DE DEVOÇÃO

       

Penetrando fundo na história, vamos encontrar no século XVII na Europa, registros da existência de uma confraria sob o título e patrocínio da Virgem Maria, que foi extinta sem nenhuma notoriedade histórica. Reestruturada, reaparece na primeira metade do século XIX, pela ação do pároco da Igreja de Nossa Senhora das Vitórias, em Paris, o reverendo Pe. Carlos Dufriche Des Genettes.

Esse fato aconteceu em um sábado, 08 de dezembro de 1836, dia da Imaculada Conceição de Maria. No sábado imediato a obra foi aprovada pelo arcebispo de Paris, no domingo seguinte uma Missa foi celebrada em ação de graças pela conversão dos pecadores e pela primeira vez na Igreja de Nossa Senhora das Vitórias, em Paris, o exercício em honra ao Imaculado Coração de Maria.

O Pe. Antônio Maria Claret, apóstolo e zeloso missionário, tomou para si a tarefa de propagar o culto ao Imaculado Coração de Maria. Fundou então, a Congregação Religiosa dos Filhos do Imaculado Coração de Maria, cabendo aos filiados o dever de herdeiros e propagadores de sua obra.

O Papa Gregório XVI, dignou-se aprovar a confraria religiosa, expedindo em 24 de abril de 1838, enriquecendo-a com indulgências e privilégios, elevando-a a condição de arquiconfraria. O progresso foi tamanho que num espaço de dois anos, já havia instituído grande número de confrarias(153) em todo o mundo, disseminada pela Europa, África e América, principalmente no Brasil, fundada pela Congregação dos Filhos do Imaculado Coração de Maria.

O Imaculado Coração de Maria é uma devoção católica que ganhou grande destaque com as aparições de Fátima. De acordo com o legado deixado pelos pastorinhos, Nossa Senhora lhes revelou o “Segredo”. Contava a irmã Lúcia que: “... para salvar as almas, Deus quer estabelecer no mundo a Devoção ao Imaculado Coração de Maria, é a salvação das almas e a conquista da paz”.

A Arquiconfraria do Imaculado Coração de Maria, foi fundada em Oeiras (Paróquia Nossa Senhora da Vitória) em 17 de agosto de 1913, quando vigário o Reverendo Pe. Aristeu do Rêgo Barros, que faleceu com o título de Monsenhor, na paróquia de Valença, para onde foi transferido, sendo substituído pelo Reverendo Cônego Acilino Portela Pereira Batista.

A criação da arquiconfraria foi uma ação missionária realizada por José Torentão e Severino Romeira, missionários pertencentes à Ordem dos Filhos do Imaculado Coração de Maria. A arquiconfraria celebrava sua devoção no dia 08 de setembro, dia da Natividade de Nossa Senhora, não havendo leilões e nem pompa. Na atualidade a festa acontece em agosto com tríduo preparatório, Missa festiva, fartos leilões e foguetório. Todo dinheiro arrecadado com a festa é revertido em ações sociais desenvolvidas pela Igreja. Há dez anos aconteceu a comemoração dos noventa anos desta associação, com uma programação religiosa e social, encerrando com uma grande procissão pelas ruas do Centro Histórico de Oeiras.

A Arquiconfraria possui mais de trezentos filiados, entre zeladoras e associados. Uma associação religiosa predominantemente feminina, no entanto aos poucos a presença masculina já é percebida. Os membros usam vestimentas brancas e uma fita azul com medalha em honra a Nossa Senhora, em alguns eventos da arquiconfraria e em procissões carregam estandarte do Imaculado Coração com a seguinte frase: “Doce Coração de Maria, sede minha salvação”.

Muitas mulheres e benfeitoras fizeram da sua vida uma constante dedicação a arquiconfraria, zelando pelo Coração de Maria e promovendo fraternidade e caridade, com especial destaque para Dona Júlia de Carvalho Nunes. Os membros da arquiconfraria dedicam-se a oração, através do Santo Terço, assistindo as famílias com amor caridade e propagando o doce Coração de Maria.


Visitar esta exposição é percorrer um século de história, concretizada em cada livro ata e de registros, em cada peça ou objeto e principalmente no sentimento das zeladoras e associados da arquiconfraria, que transmitem com zelo as gerações de hoje, a memória viva que identifica a fé do povo desta terra, através da devoção ao Imaculado Coração de Maria.

OBS: A exposição esteve no MAS nos meses de maio e junho de 2013.

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