quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Igreja Nossa Senhora da Conceição dos Homens Pardos - 200 anos enfeitando a paisagem de Oeiras

Igreja Nossa Senhora da Conceição - século XIX /Foto: arquivo Mosaicodavila




A comunidade Católica oeirense está em festa. São duzentos anos da Igreja da Imaculada Conceição, uma das mais populares devoções marianas, festejada no dia 8 de dezembro. Data consagrada a Virgem Imaculada no calendário litúrgico, através da Bula Ineffabilis Deus, proclamada pelo Papa Pio IX em 1854, que definiu o Dogma de Maria Imaculada. Ela que foi concebida sem a mancha do pecado original, para gerar o Salvador Jesus Cristo.
Dogma significa uma verdade da fé, é o ponto fundamental de uma doutrina religiosa. No Cristianismo, chamam-se dogmas as verdades reveladas, propostas pela autoridade da Igreja, como artigos de fé. O dogma da Imaculada Conceição, mesmo proclamado na segunda metade do século XIX, já era vivenciado pelas primeiras comunidades cristãs, que já prestavam culto a Maria, como Imaculada Conceição, à luz das Sagradas escrituras.
São Tiago Menor, o qual realizou o esquema da liturgia da Santa Missa, prescreve a seguinte leitura, após ler alguns trechos do antigo e do novo testamento: "Fazemos memória de nossa Santíssima, Imaculada, e gloriosíssima Senhora Maria, Mãe de Deus e sempre Virgem".
O evangelista São Marcos, na Liturgia que deixou às igrejas do Egito, serve-se de expressões semelhantes: "Lembremo-nos, sobretudo, da Santíssima, intemerata e bendita Senhora Nossa, a Mãe de Deus e sempre Virgem Maria".
A festa da Imaculada Conceição é comemorada em todo o mundo, e em Oeiras as novenas começam no dia 29 de novembro, com peregrinação da imagem Mariana pela casa das famílias devotas. O festejo vai até o dia 8 de dezembro, quando acontece grande procissão com as imagens de Nossa Senhora e São José pelas ruas do Centro Histórico de Oeiras.
A Igreja de Nossa Senhora da Conceição está localizada na Praça Mafrense, próxima ao Mercado Público e é motivo de admiração pela sua singeleza.
Segundo a professora Maria de Fátima Nunes Carvalho, no artigo “Festas Religiosas de Oeiras”, publicado na revista do Instituto Histórico nº04/1982, a Igreja possuiu sua irmandade, restando uma velha sacola com um medalhão de Nossa Senhora, em prata, e que servia para tirar esmolas no tempo da festa.
Para a professora e escritora Maria do Espírito Santo Rêgo, no livro “Oeiras: Fé e Tradição”, a Igreja da Conceição tinha na sua parte frontal, a data referente à sua fundação, porém não foi possível localizá-la, bem como, quaisquer documentos sobre a Irmandade de Nossa Senhora da Conceição dos Homens Pardos.
O historiador Dr. Dagoberto de Carvalho Jr., no livro “Passeio à Oeiras”, relata que a construção da Igreja da Imaculada Conceição, é datada do início do século XIX (1809), sendo que em 1839 ainda estava por concluir. As obras de acabamento datam de 1942, e em 1956 sobre o jardim e a pequena área não construída do lado do evangelho, levantaram-se duas novas capelas laterais, ligando-as à sacristia. De 1930, o altar-mor e de 1953, o patamar. O campanário, hoje na torre direita, foi em tempos recuados, até 1938, sobre estacas, à moda das capelas antigas. A imagem que sai em procissão é zelosamente guardada por Dona Maria Oliveira, mantendo a tradição muito oeirense, de conservar nas casas de pessoas devotas, imagens substituídas em culto.
A devoção a Imaculada Conceição está presente durante todo o ano na cidade de Oeiras. Todos os sábados após a Missa das 19 horas, os devotos da Virgem Imaculada se reúnem no mesmo templo para louvar e agradecer as bênçãos recebidas, através do Ofício de Nossa Senhora. Um momento partilhado por dezenas de fiéis, que rezam cantando “os grandes louvores da Virgem Mãe de Deus”.
São duzentos anos deste monumento histórico. Templo de fervorosa manifestação de fé, que guarda as lembranças do passado e continua enfeitando a paisagem urbana de Oeiras.
* Pedro Dias de Freitas Júnior é professor de História, Jornalista, membro do Instituto Histórico de Oeiras e conselheiro da Fundação Nogueira Tapety.
Texto publicado na 3ª edição do informativo "O DIOCESANO" - Oeiras, 08 de dezembro de 2009

Um comentário:

Marli disse...

Obrigada Júnior pela explicação histórica.Texto excelente.
Bj