domingo, 25 de maio de 2014

Celebrar a Páscoa é mudar de vida


“Oh noite ditosa, em que o céu se une à terra, em que o homem se encontra com Deus!” (Proclamação da Páscoa)

 A ressurreição de Cristo, sinal de que a vida venceu a morte, afirma a eficácia do seu ato de salvação. Sua vida e atitudes nos oferecem um exemplo que vale a pena ser seguido. É um forte chamado à conversão e um convite à mudança de vida, desnudando o nosso ser de tantas práticas velhas, dos “pecados de estimação”, da vida repleta de vícios e exageros, do homem e da mulher velhos, desanimados e sem esperança. É tempo de ressurreição, de aprender de Cristo e com Cristo a oportunizar cada manhã um novo dia repleto de atitudes missionárias, procurando viver em comunidade, utilizando a linguagem universal do amor caridade e fazendo a vontade de Deus.

A Bíblia ensina o que é a vontade de Deus e que atitudes são condizentes com os valores cristãos: Chama a uma conversão de coração, e não a uma adoração da boca para fora; chama a lermos os “sinais dos tempos”, ou seja, aquilo que acontece em nossa realidade, sobretudo com os mais pobres; chama a vivermos na liberdade de filhos e filhas de Deus, sem apego a formalismos que impedem a vida; chama a fazermos a sua vontade, para que não sejamos escravos dos “mandamentos dos homens” e da dominação dos poderes do mundo.

É preciso celebrar a Páscoa renovando a graça do batismo, deixando para trás os ressentimentos, ódios e rancores, abrindo-se para que as marcas e feridas do pecado sejam superadas, na alegria de ser de Deus. A Ressurreição não é uma ilusão, não é uma quimera; é uma estupenda realidade: "Eu sou a Ressurreição! Quem crê em mim, ainda que morto, viverá!" (Jo 11,25).


A Diocese de Oeiras e a Pascom Diocesana partilham das alegrias da Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo e deseja a todos os leitores, colaboradores e patrocinadores do informativo O Diocesano, uma feliz e abençoada Páscoa. O Senhor ressuscitou de verdade! Aleluia!

Editorial O Diocesano 25 

quarta-feira, 5 de março de 2014

Quaresma: caminho para a Páscoa

Tela: Bom Jesus dos Passos - Artista: Evandro Veras
Propriedade: Pedro Dias de Freitas Júnior

"Celebremos a Páscoa, não com o velho fermento, nem com o fermento da malícia e da perversidade, mas com os pães sem fermento, isto é, na pureza e na verdade". (1 Cor 5,8)

A quaresma é, por excelência, um tempo batismal. Constitui-se num valioso itinerário de fé e adesão crescente, consciente e livre, ao projeto de Jesus. Nossa vida torna-se, então, uma oferta de louvor, um sacrifício espiritual que apresentamos continuamente ao Pai, em união com Jesus, o servo pobre e sofredor. E, assim, por ele, com ele e nele o Pai seja louvado e glorificado. É um convite a todos os cristãos para engajarem-se na esperançosa luta pela conquista dos direitos sociais, refletida na Campanha da Fraternidade 2014 – “Fraternidade e Tráfico Humano”. Tempo oportuno para compartilharmos valores, sabedoria, conhecimentos e formas de ver a realidade.

Cada celebração deve ser uma forte experiência desta caminhada pascal, para que possamos fazer de nossa vida uma páscoa contínua. Dentre as diversas práticas quaresmais que a Igreja nos propõe, a vivência da caridade ocupa um lugar especial. Assim nos recorda São Leão Magno: "esses dias de quaresma nos convidam de maneira urgente ao exercício da caridade; se desejamos chegar à Pascoa santificados em nosso ser, precisamos ter um interesse especialíssimo na aquisição desta virtude, que contém em si as demais e cobre multidão de pecados".

Esta vivência da caridade deve ser vivida de maneira especial com aqueles a quem temos mais próximos, no ambiente concreto em que nos movemos. Assim, vamos construindo no outro "o bem mais precioso e efetivo, que é o da coerência com a própria vocação cristã". (João Paulo II)

Façamos da Quaresma um verdadeiro caminho para a Páscoa, seguindo os passos de Jesus, com testemunho e fé. Aproveitemos esses dias de retiro espiritual para rezar, para conversar com Deus, meditando sua palavra, aplicando-a na vida, nos costumes e ações, na pureza e na verdade.

Pascom Diocesana!

Informativo O Diocesano 24

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

EDITORIAL – Comunicando a Boa Nova


“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda humanidade”.(Mc 16,15)

Todo cristão batizado é chamado a ser discípulo missionário, na fidelidade ao mandato de Jesus, para que a mensagem do Evangelho atinja todas as dimensões do ser humano, em comunhão com a Igreja, evangelizando por meios modernos e eficazes de comunicação.

A mensagem de Jesus é universal e está destinada a chegar a todos os recantos da Terra, a todos os povos e culturas, pois verdadeiramente “evangelizar é comunicar”. É através do anuncio da Palavra de Deus, que semeamos amor e fraternidade na busca de novo Céu e nova Terra, onde a dignidade da pessoa humana seja respeitada, e onde os valores de fé e solidariedade sejam aplicados no cotidiano de nossas vidas.

A Pastoral da Comunicação Diocesana vem ao longo de quatro anos utilizando ferramentas comunicacionais para propagar a Boa Nova de Jesus. Provocando um diálogo entre fé e cultura numa prática pastoral, dentro de um contexto que requer ousadia para anunciar o reino e o projeto de salvação: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância”.(Jo 10,10)

Agradecemos a Deus pelos quatro anos do Informativo “O Diocesano”, bem como aos patrocinadores, colaboradores e leitores. Além do informativo a diocese de Oeiras, através da PASCOM, é responsável pelo programa “Igreja em missão” na FM Educativa Cristo Rei e pelo site: diocesedeoeiras.org, em fase de reconstrução.

Que cada um seja propagador da comunicação do amor e da partilha, orientando-se pelos ensinamentos de Jesus e no seguimento vivido na força do Espírito Santo, pois Nosso Senhor nos convida a todo instante: “Segui-me, e eu vos farei pescadores de homens”. (Mc 1,17)

Roguemos a Nossa Senhora da Vitória a sua assistência, para que possamos anunciar Jesus, produzindo preciosos e abundantes frutos, tendo como norte as sábias palavras do Papa Francisco proferidas na missa de Envio no Rio, dentro da JMJ: “Ide com coragem, para fazer o bem”.


PASCOM!

EDITORIAL - O DIOCESANO 22

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Exposição Símbolos de Fé


Oeiras, situada nos “Sertões de Dentro do Piauí”, possui uma riqueza cultural, histórica e religiosa, traduzida em seus monumentos, nas manifestações de fé e no cotidiano, impregnado de uma mística, proveniente de uma forte religiosidade.

A presença de símbolos dessa fé estão presentes de forma concreta na geografia da cidade, com seus becos apertados, que há séculos presenciam romarias e procissões, e na ereção de ícones da fé católica, cravado nos morros que circundam a cidade. São símbolos provenientes da história da “Velha cidade”, que tem seus dias ordenados pela liturgia da Igreja, implantada nestas terras, no século XVII, quando da criação da Freguesia de Nossa Senhora da Vitória do Brejo da Mocha.

O símbolo num contexto cultural possui valor evocativo, mágico ou místico. Insígnia e formulário de fé das Igrejas cristãs para uso dos fiéis, que usam tal alegoria para retratar uma realidade espiritual, através de sinais e símbolos perceptíveis pelos sentidos. Assim são os estandartes e bandeiras usados nas procissões dos santos padroeiros, e nas grandes festividades religiosas em Oeiras, como forma de devoção.

A flâmula romana que conduz os peregrinos e promesseiros na procissão do Bom Jesus dos Passos, a bandeira do Divino que realça o cortejo e é motivo de reverência pelos devotos, e o estandarte de Nossa Senhora da Vitória, padroeira do Piauí; são exemplos dessa simbologia, que retrata o sagrado e provoca a fé de homens e mulheres no sertão do Piauí. Onde as alegrias e os desafios diários, são vivenciados em cada celebração, pois erguer e seguir uma bandeira ou estandarte do santo de devoção simboliza levantar a bandeira da esperança e da paz.


Visitar a exposição “Símbolos de Fé” é vivenciar a devoção de um povo, que sertanejamente cumpre os dias, na certeza de que a proteção divina caminha com ele, simbolicamente presente na insígnia de seu santo protetor e na louvação traduzida no hino católico: “É bonita demais, é bonita demais, a mão de quem conduz a bandeira da paz”.

Local da exposição: Museu de Arte Sacra - De 14/08 a 30/09 de 2013.
Curadores: Cassandra Yara Lopes Barroso e Pedro Dias de Freitas Júnior

Apresentação do livro: "Arquivo Silencioso"

                                                        


As cidades tem alma, jeito próprio de ser e parecer”. (A. Tito Filho)

Olhando de forma descritiva para a frase, que soa mais como melodia, do historiador e jornalista Arimathéa Tito Filho vislumbro Oeiras, com suas ruas tortas, becos que já presenciaram procissões e cantorias. Praças, sobrados e igrejas que ao longo do tempo foram tornando viva a existência de um povo que através da expressão cultural, do folclore, da fé e religiosidade, foram dando vida à cidade. Uma alma brejeira, telúrica e simplesmente oeirense. Viver aqui é sentir todos os dias o coração pulsante, um saudosismo impregnado, desde então, pois, verdadeiramente Oeiras tem uma alma, composta de fragmentos da intelectualidade, do imaginário coletivo, da religiosidade e da simplicidade do sertanejo que vai de passo em passo na procissão do Bom Jesus.

Ao ser convidado para apresentar o livro: ‘Arquivo Silencioso’, do historiador e amigo Francisco Rêgo, para mim é motivo de honra. E ao receber tamanho convite logo me veio à mente a frase dita anteriormente: “as cidades tem alma...” pois em algumas conversas informais o autor sempre me contava algumas estórias e histórias que compõem as narrativas de seu livro. Aguçando meu imaginário e provocando minha curiosidade de leitor e estudioso sobre Oeiras e sua história.

Ao iniciar a apreciação de Arquivo Silencioso, fui tomado por um desejo de degustar com grande voracidade as páginas deste arquivo, que hoje deixa de ser silencioso e toma voz, pois em cada crônica o real e o imaginário, o mítico e o popular tomam forma, expressando uma narrativa de fatos, estórias e histórias. Algumas ouviu de sua genitora dona Lourdes Portela, outras de alguns velhos oeirenses, de gente espirituosa e criativa, as demais, através de sua vivência como ativista cultural na cidade de Oeiras, quando jovem, bem como pela experiência, estudo e observação do cotidiano.

A capa e a contracapa do livro são ilustrados com fotos da Oeiras de ontem e de hoje, de personagens folclóricos e inesquecíveis, de cenas, monumentos e ruas que foram e continuam sendo cenário de tantas histórias.

O texto de apresentação escrito pelo historiador oeirense Dr. Dagoberto Carvalho Jr., descreve as múltiplas facetas do autor, quando o caracteriza e intitula de multiartista, pois escreve, canta, rege, toca e ainda de forma criativa prepara ao longo dos anos um presépio em sua casa na Rua do Fogo, no período do Natal.

O livro é composto de quarenta e duas crônicas, que traduzem a tradição oral, onde a ficção e a realidade se misturam formando um mosaico de narrativas que hoje fazem parte desse arquivo, não mais perdidos no tempo.

Podemos perceber na crônica: “A Feira”, como espaço de memória e transmissão de saberes, o cotidiano de uma gente que no labor diário, produzia seu sustento e na simplicidade de seus dias eram felizes, no pouco ou muito que conquistavam. Toda a cidade experimentava tal sentimento, transformado pela modernidade e pelo progresso.

Na sua fantasia mítica e folclórica, as crônicas: “A Premedição”, “A Besta-fera”,  “A marmota”, “A onça”, “O cavaleiro” e “Imagem e sombra” são exemplos de sua veia de cronista que como numa teia de relações, provoca o leitor, usando a ficção dentro de um contexto histórico real, descrito com minúncia e cuidado. Demonstrando desde a desilusão dos oeirense com a retirada da capital para Teresina, às superstições que assombravam e que ditavam regras de conduta para o sertanejo, que como diz Euclides da Cunha: “... é antes de tudo, um forte”.

As crônicas expostas neste livro trazem um conteúdo de socialização e moral, demonstrando lições de vida, exemplos de seres humanos que com resignação e coragem tornaram-se ícones de uma geração como a devotíssima “Ana Loiola”, que diante dos percalços da vida e da solidão, foi sinônimo de fortaleza até o fim.

Uma legião de personagens que fizeram história e que povoaram o imaginário coletivo de toda uma cidade ao longo dos anos, estão presentes nesta obra, celebrada em crônicas. “Antônio Bocão”, o ecêntrico que adorava está no centro das provocações; “Bastim de Gersom” o contador de histórias; “Batata Tabaqueiro”, com sua veia artística e sua clausura como a de um monge; “Ciço Cego”, e os famosos e glamurosos bailes; “José Hipólito”, conhecido por todos como Zé de Helena,  jardineiro fiel, garçon e devoto de Nossa Senhora do Carmo. Eurico, na crônica “O Reencontro”, um personagem fértil que com sua irreverência, marcou nossos dias. Além de “Dorête” com seu deboche e forma de ser, bem como tantos “loucos e suas loucuras” não passaram despercebidos aos olhos do autor.

No campo do Sagrado, o escritor demonstra a sua forte devoção pelo Divino tão celebrado em sua família. Na crônica “Festa do Divino”, ele descreve a tradição, dando um enfoque para as mudanças, determinadas pelo tempo. No entanto, a sua devoção se estende à Catedral, a Nossa Senhora da Vitória, aos sinos da velha matriz e ao Bom Jesus, este último mais do que devoção, amor, expressado com toda sua oeirensidade na crônica “Relíquias”. Certa vez ouvi dizê-lo que já havia pensado em deixar Oeiras e morar definitivamente em Teresina, mas sempre voltava atrás, pois não tinha coragem de deixar o Bom Jesus.

A música também está presente na vida do autor. No tempo da mocidade, como jovem idealista compôs com mais quatro amigos, a banda ‘Os Falcões’, relato presente na crônica “Bandolins e bandoleiras”, que narra também os conflitos entre duas bandas rivais no final do século XIX e o dedilhar dos Bandolins de Oeiras, que hoje atua como maestro dessa orquestra, presente nos eventos religiosos, cívicos e culturais da cidade.

A religiosidade do autor, marcante na obra, é na realidade proveniente de uma herança familiar, pois descende de um sacerdote que está presente nos annales da história de nossa terra: “Padre Freitas”, uma crônica fantástica, logo que recebi o livro comecei a folhear e deparei-me com provocante texto que mostra a personalidade de um homem de fé, que contrariando o celibato clerical deixou uma prole de descendentes, que continuam fazendo história e vivendo Oeiras.

“O Báculo” e “O Cônego” são crônicas que historicizam a obra, revelando fatos e desnudando a história a partir da reconstrução da memória, dentro de um foco de pesquisa e estudo, análise e investigação. Ainda dentro dessa vertente, destacamos “O Tombo dos tombados”, onde o autor critica o desaparecimento de monumentos e tradições; “O lajedo do samba” e o “Quilombo”, onde o pano de fundo é a escravidão, presente em Oeiras, no período colonial, que a exemplo das cidades coloniais do Brasil, encontrou resistência por partes dos escravos, que lutavam por liberdade e dignidade. A prepotência dos poderosos descrita de forma folclórica no texto “O manto”, vem reforçar a ideia de que, somente uma ação feita de forma sincera agrada as divindades.

De forma lúdica, o autor revela seu saudosismo, representado nas crônicas: “Pirulitos e queimados”, “Roubando panelas”, “As lavadeiras do mocha”, “Visitando presépios”, os encantos e lendas da “Rua do Fogo”. Além do mistério que envolve a crônica “O Banho”. Quem viveu Oeiras nesse tempo áureo, experimentou os queimados, ainda presentes na festa de Nossa Senhora da Conceição, banhou-se nas águas cristalinas do riacho de onde tudo começou, e vivenciou durante o mês de dezembro a confecção e visitação aos presépios que enfeitavam os casarões no centro histórico.

Na crônica que deu nome ao livro: “Arquivo silencioso”, o autor diz que todo um passado vivo e vivido, está arquivado e plantado na terra. Mesmo transformado em pó, a história teima em existir, pois como diz o historiador português Alexandre Herculano, que tive a honra de visitar seu mausoléu no Mosteiro dos Jerônimos em Lisboa – Portugal é preciso “guardar a memória, viver a história”.

Toda essa memória, expressada em narrativas, pelo escritor Francisco Rêgo, traduz o cotidiano, a cidade, homens e mulheres, personagens reais e folclóricos que não ficaram escondidos nos beirais que o tempo encarregou de ruir, mas projetaram-se como peças fundamentais de uma história, que hoje se torna presente na obra que ora apresento.

Parabéns historiador e escritor Francisco Rêgo pela obra, pela sensibilidade de artista com que escreveu ‘Arquivo silencioso’. Hoje você presenteia a literatura oeirense com tão representativo livro, engrossando as fileiras dos escritores desta terra e fazendo história. Viver, falar e escrever sobre Oeiras nunca se esgota, pois como nos diz o poeta Elmar Carvalho: “Oeiras navega na noite de um tempo que não termina”.

Muito obrigado!

*Pedro Dias de Freitas Júnior é professor de História, Jornalista e Membro efetivo do Instituto Histórico de Oeiras.

domingo, 14 de julho de 2013

UMA NOVA PARÓQUIA

          

A Igreja é chamada a reinventar a vida comunitária para além da territorialidade paroquial, sendo presença onde as pessoas, por várias razões, estão radicadas. Tornar a Igreja uma comunidade de comunidades é o desafio. Novas comunidades territoriais já estão nascendo em condomínios fechados, edifícios, conjuntos habitacionais e bairros, independentes de proximidade de alguma construção religiosa. São os novos espaços de evangelização: catequese, círculos bíblicos e grupos de oração.

Para Dom Orani João Tempesta, arcebispo metropolitano do Rio, a renovação da paróquia é fundamental para a Igreja enfrentar os desafios pastorais, a missão, enfim, evangelizar, levar a boa nova de Jesus Cristo a todas as pessoas, formando pequenos núcleos pastorais, como células vivas da grande mãe chamada de paróquia.

Dentro desse contexto de mudanças à luz do Documento de Aparecida e da 51ª Assembleia Geral da CNBB, a diocese de Oeiras vem promovendo uma reflexão, para que nossas paróquias sejam comunidade de comunidades, renovadas no ardor missionário e na ação pastoral.


A recém-criada Paróquia Nossa Senhora do Rosário na cidade de Oeiras, é um forte exemplo dessa ação evangelizadora que a Igreja no Brasil quer atingir, como lugar de acolhida, orientação, ajuda espiritual e material, onde todos devem encontrar o Cristo Ressuscitado. Uma nova paróquia, casa por excelência de todos os fieis.

EDITORIAL 'O DIOCESANO 21'

UM SÉCULO DE DEVOÇÃO

       

Penetrando fundo na história, vamos encontrar no século XVII na Europa, registros da existência de uma confraria sob o título e patrocínio da Virgem Maria, que foi extinta sem nenhuma notoriedade histórica. Reestruturada, reaparece na primeira metade do século XIX, pela ação do pároco da Igreja de Nossa Senhora das Vitórias, em Paris, o reverendo Pe. Carlos Dufriche Des Genettes.

Esse fato aconteceu em um sábado, 08 de dezembro de 1836, dia da Imaculada Conceição de Maria. No sábado imediato a obra foi aprovada pelo arcebispo de Paris, no domingo seguinte uma Missa foi celebrada em ação de graças pela conversão dos pecadores e pela primeira vez na Igreja de Nossa Senhora das Vitórias, em Paris, o exercício em honra ao Imaculado Coração de Maria.

O Pe. Antônio Maria Claret, apóstolo e zeloso missionário, tomou para si a tarefa de propagar o culto ao Imaculado Coração de Maria. Fundou então, a Congregação Religiosa dos Filhos do Imaculado Coração de Maria, cabendo aos filiados o dever de herdeiros e propagadores de sua obra.

O Papa Gregório XVI, dignou-se aprovar a confraria religiosa, expedindo em 24 de abril de 1838, enriquecendo-a com indulgências e privilégios, elevando-a a condição de arquiconfraria. O progresso foi tamanho que num espaço de dois anos, já havia instituído grande número de confrarias(153) em todo o mundo, disseminada pela Europa, África e América, principalmente no Brasil, fundada pela Congregação dos Filhos do Imaculado Coração de Maria.

O Imaculado Coração de Maria é uma devoção católica que ganhou grande destaque com as aparições de Fátima. De acordo com o legado deixado pelos pastorinhos, Nossa Senhora lhes revelou o “Segredo”. Contava a irmã Lúcia que: “... para salvar as almas, Deus quer estabelecer no mundo a Devoção ao Imaculado Coração de Maria, é a salvação das almas e a conquista da paz”.

A Arquiconfraria do Imaculado Coração de Maria, foi fundada em Oeiras (Paróquia Nossa Senhora da Vitória) em 17 de agosto de 1913, quando vigário o Reverendo Pe. Aristeu do Rêgo Barros, que faleceu com o título de Monsenhor, na paróquia de Valença, para onde foi transferido, sendo substituído pelo Reverendo Cônego Acilino Portela Pereira Batista.

A criação da arquiconfraria foi uma ação missionária realizada por José Torentão e Severino Romeira, missionários pertencentes à Ordem dos Filhos do Imaculado Coração de Maria. A arquiconfraria celebrava sua devoção no dia 08 de setembro, dia da Natividade de Nossa Senhora, não havendo leilões e nem pompa. Na atualidade a festa acontece em agosto com tríduo preparatório, Missa festiva, fartos leilões e foguetório. Todo dinheiro arrecadado com a festa é revertido em ações sociais desenvolvidas pela Igreja. Há dez anos aconteceu a comemoração dos noventa anos desta associação, com uma programação religiosa e social, encerrando com uma grande procissão pelas ruas do Centro Histórico de Oeiras.

A Arquiconfraria possui mais de trezentos filiados, entre zeladoras e associados. Uma associação religiosa predominantemente feminina, no entanto aos poucos a presença masculina já é percebida. Os membros usam vestimentas brancas e uma fita azul com medalha em honra a Nossa Senhora, em alguns eventos da arquiconfraria e em procissões carregam estandarte do Imaculado Coração com a seguinte frase: “Doce Coração de Maria, sede minha salvação”.

Muitas mulheres e benfeitoras fizeram da sua vida uma constante dedicação a arquiconfraria, zelando pelo Coração de Maria e promovendo fraternidade e caridade, com especial destaque para Dona Júlia de Carvalho Nunes. Os membros da arquiconfraria dedicam-se a oração, através do Santo Terço, assistindo as famílias com amor caridade e propagando o doce Coração de Maria.


Visitar esta exposição é percorrer um século de história, concretizada em cada livro ata e de registros, em cada peça ou objeto e principalmente no sentimento das zeladoras e associados da arquiconfraria, que transmitem com zelo as gerações de hoje, a memória viva que identifica a fé do povo desta terra, através da devoção ao Imaculado Coração de Maria.

OBS: A exposição esteve no MAS nos meses de maio e junho de 2013.